quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O PEQUENO QUADRADO DA JANELA

O pequeno quadrado da janela.
O quadrado da pequena janela.
Era noite ou era sonho.
Uma luz que era música e perfume entrava pelo quadrado da janela. Clareando suavemente o quarto vazio. Onde de repente havia um menino que dormia.
A luz que era música e perfume, brisa também era.
Fazia cócegas nas cortinas e rodopiava pelo quarto sem acordar o menino.
O menino estava sonhando? Ou era o sonho que sonhava o menino?
De qualquer forma ele não acordava. O sonho prosseguia.
O quadrado era pequeno como pequena era a janela, mas não impediu a entrada da grande nave espacial e seus escudeiros robôs empunhando bandeiras.
Tantos lordes e barões e condes e sultões e príncipes slataram da nave-mãe. Que só couberam no quarto porque ele agora tinha lugar para quarenta e tantos mil.
O quarto era agora amplo e pomposo salão de baile imperial.
VIVA EU, VIVA TUDO
VIVA O RATO BARRIGUDO!
A multidão saudava o rei.
Mas, por que o chamavam de rato?
O Imperador Guindásticus Enferrujadus Primeiro e Único era uma máquina que mais parecia um enorme dinossauro.
De toda forma a multidão, coitada,não tinha saída. Era prestar reverência ao rei ou ser pulverizada.
E houve então, um fanfarrear de trombetas e o salão revelou-se muito brilhante.
Entrava a Borbopleta Azul seguida por holofotes à quatro mil flashes fotográficos.
Vestia sedas de Plutão, brincos de Marte, chinelos de Saturno e um anel de casamento todo feito de chamas solares.
Tudo presentes, tudo de acordo com a ocasião.
Mas será que ninguém reparava em seus olhos?
Ela era rainha e noiva e deveria estar contente. Mas, em seus olhos havia um brilho de tristeza.
De novo as trombetas.
As trombetas eram quadradas e nunca erravam de nota, pois eram computadores os trombeteadores.
Quadrangular era também o cetro do rei. E os enfeites nas asas da rainha.
De quatro em quatro os súditos vinham beijar o tapete onde a bela rainha havia pisado.
Era tamanha a procissão de quartetos que se estendia pela quarta dimensão adentro.
E o baile começou.
De quatro em quatro dançava-se pelos quatro cantos do salão.
O maestro marcava o ritmo quartenáriopiscando pequenas luzes coloridas, que robô dispensa batuta.
Os instrumentos também quadrangulares eram em número de quarenta ao quadrado.
Era um baile para quatrocentos séculos ininterruptos. Mas de repente, houve explosões e relâmpagos: o perverso rei tinha curto-circuito de raiva. Seus olhos eram farois vermelhos.
"Prendam-no!" Gritava apontando para a cama onde o menino dormia. "Prendam-no!"
Não houve gesto nenhum nsse instante.
A voz do terrível tirano congelou a todos.
Apenas um lorde teve coragem para adiantar-se e dizer com dignidade "Magestade, o pequeno é totalmente inocente!"
"Inocente?" Gritou o rei e teve outro curto-circuito.
"Pulverizem esse traidor!" Ordenou. E o lorde foi imediatamente desintegrado. Emais ninguém quis se pronunciar. Nem mesmo um bip se ouvia.
E só porque reinava um silêncio ensurdecedor pelo salão. A voz da rainhafoi ouvida: "Por Deus, façam silêncio!", disse. "Não estão vendo que ele está dormindo? Vão acabar acordando o pobrezinho."
Há tanto tempo a meiga borboletóide não presenteava seus súditos com a doce melodia de sua voz que houve quem chorasse de felicidade. Mas, o imperador não estava para sentimentalismos. "Calem-se!" Berrou "Arranquem seu coração agora!".
"Mas o coração da rainha já é vosso, majestade. Ela é vossa noiva!" Disse o Duque Dragão que foi em seguida também desintegrado.
E houve grande tumulto porque o memdonho rei ameaçava agora rasgar o céu e inundar o mundo.
"Idiotas! É o coração do menino que eu quero", gritou. "E quero agora!"
Nesse instante o menino agitou-se um pouco e virou de lado.
"Estão vendo"? Suspirou a frágil rainha, "O pobrezinho vai acabar acordando. Será que voces não entendem? Se ele acordar estaremos todos condenados ao desaparecimento".
Vocês ouviram?" Façam silêncio portanto". Ordenou o rei "Arranquem o coração dele mas sem o acordar!".
A rainha deu um passo em direção ao trono. "Mas majestade, já estava tudo acertado. Eu me caso,mas não se toca no menino".
"Isso foi antes. Agora decidi ter as duas coisas". Anunciou o rei e soltou uma gargalhada tão alta que trincou todos os cristais.
E o rei teve um ataque de choro. "De que me adianta uma companheira se não tenho um coração?"
As lágrimas do rei eram gotas de óleo diesel.
"Eu quero um coração e uma alma!" Ele berrava. "Tirem o coração e a alma dessa criança. Serão meus presentes de casamento".
E como ninguém se mexia, o imperador agitou seu tentáculo de ferro. "Meu senhor, disse a rainha, "reconsidere". Lembre-se que toda vida é sagrada".
"Eu não considero nada. Quero o coração e a alma dele, e queroagora!".
O grito ressou como um trovão, mas ninguém se mexia. E então o monstruoso imperador avançou para o local onde o menino dormia um sono agitado, tão agitado que ressonava alto.
A frágil rainha quis impedi-lo, mas foi afastada com um safanão.
O rei estava agora sobre a cama "já que ninguém tem coragem eu mesmo mato".
Anunciou gargalhando trovoadas: "Agora nada poderá me impedir!" Ergueu o braço cuja ponta era um enorme turquesa "Ninguém, ninguém vai me deter!"
O braço domalévolo imperador subiu até as nuvens e desceu no exato momento em que omenino acordou com um grito.
O quarto era outra vez o seu quarto! Pequeno mas confortável! Não havia vestígio de salão de baile ou da grande nave espacial ou dolunático imperador Guindásticus e sua rainha.
Apenas o coração domenino batia sobressaltado. O livro que eletinha lido antes de dormir estava ali na cabeceira da cama.
"A BORBOLETINHA QUE CASOU COM O SENHOR DAS GALÁXIAS".
Ligou a televisão mas estava passando um daqueles filmes de vampiro. Teve medo e desligou.
Era melhor deitar e tentar dormir.
Para além do pequeno quadrado da janela a noite brilhava suas estrelas e no porto (à distância) a sombra de um velho guindaste parecia um dinossauro adormecido.
O menino não demorou a pegar no sono.
Só pela manhã talvez ele encontrasse esquecido ali junto ao pé da cama o cetro "real".
Alvarito Mendes Filho

terça-feira, 26 de outubro de 2010

HISTÓRIAS DO BRASIL
(comemoração 500 anos)

Dom Manuel de Portugal,venturoso português, avisou para Cabral:
_ Vá depressa a todo pano antes que o americano tome aquilo de uma vez!
E Cabral bom comandante querendo ao rei ser gentil, atirou-se no mar distante e num 22 de Abril quando avistou a terrinha, disse a Pero Vaz:
_ Caminha vai ver se aquilo é o Brasil.
E Pero dando uma olhada, disse ao nobre lusitano:
_ Ó Cabral meu camarada, não pode haver mais engano, tá tudo azul cor de anil, só pode ser o Brasil tá cheio de americano.
E Cabral diz:
_ Ai Jesus! Vamos a terra benzer com o nome de Santa Cruz. Pro gajo não se meter sobes ao Monte Pascoal e dizes que a Portugal o Brasil vai pertencer.
Porém, logo ao pôr do sol quando a noticia correu, no mar gritou o espanhol:
_ Portuga, o Brasil é meu.
_ Vai pro raio que te parta; já mandamos a carta, Portugal já recebeu.
Depois de tudo já certo confiram o Papa afinal:
_ O Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral. Já mandei um jesuíta para acabar com esta grita o Brasil é de Portugal.
Nem por isso os holandeses respeitaram os portugueses e uma poderosa nau, guarnecida de trabuco e comandada por Nassau, aportou em Pernambuco dando início ao quebra pau. Queriam os holandeses levar também o seu quinhão:
_ Vocês não deram aos franceses lagosta do Maranhão?
Portugal fez a proposta:
_ Já que não tem mais lagosta, vai Felipe Camarão.
Napoleão Bonaparte pequeno que nem um til, porém grande era Bonaparte no manejo com um fuzil. Fez Dom João VI em Lisboa, pegar depressa uma canoa e fugir para o Brasil.
O Brasil muito ganhou com a família imperial. De repente ficou Reino Unido a Portugal. E como os índios eram bravos e não aceitaram a escravidão, mandou vir negros da África para o serviço braçal.
Dom João de volta a Lisboa em um grande veleiro, disse a Pedro I:
_ Tu vai ver o que é coisa boa. Os gajos americanos querem tomar-te a coroa.
E Dom Pedro vendo a coisa apertada, apelou pela sorte e desembainhando a espada enferrujada e sem corte, lá nas margens do Ipiranga, gritou para um índio de tanga:
_ Ou Independência ou Morte!
O índio ficou calado e, quem cala consente, o Brasil foi libertado e Portugal felizmente nem ligou para a manobra, já tinha ouro de sobra do Brasil dependente.
Depois de estudo profundo, Dom Pedro I disse ao povo brasileiro:
_ Vou voltar ao Velho Mundo, não quero ficar aqui e nas mãos de Pedro II eu deixo o abacaxi.
Naquele grande palácio ficou o infante Pedrinho por conta de Bonifácio e não teve outro caminho, a não ser de luta e de guerra contra o Paraguai nosso vizinho.
A princesa Izabel deu ao negro a libertação. Eis o retrato fiel da maior tapeação: teve o escravo a liberdade mais ficou na humanidade sem lar, sem terra e sem pão.
Foi feita a Proclamação, sem luta ou guerra civil,com uma salva de canhão sem um tiro de fuzil. E Deodoro contente foi eleito Presidente pelo povo do Brasil.
Um fato merece estudo pela sua coincidência, Deodoro o cabeludo, renuncia a presidência dizendo:
_ Forças ocultas fizeram-me interferências.
Coitada desta nação parece que não tem sorte, saiu de uma exploração e caiu noutra mais forte.
Passamos de Portugal ao Trust internacional lá da América do Norte.
Oh! Brasil dos lusitanos,
Oh! Brasil de Portugal.
Brasil dos EUA e do Trust internacional.
Oh! Brasil dos estrangeiros
Dizei quando nós brasileiros teremos um Brasil Nacional.

Paulo Pilon – Diretor do CEIER de Águia Branca